Um brinde à vitória de Dilma!

Inicio este post com uma frase que sintetiza meus sentimentos desde ontem à noite: A consciência dos limites do Governo Dilma não sufoca a alegria que proporciona o vencimento dessa dura batalha.

 

Quero aqui me ater à segunda parte da frase, afinal, como brasileiros somos bons torcedores e, como política e futebol  são encarados de forma muito semelhantes por aqui, vamos comemorar a vitória do nosso time.

 

Ainda neste sentido me proponho aqui a separar a objetividade da subjetividade e trabalhar com essa última. Afinal, a subjetividade é um tipo de ópio,  que utilizado moderadamente nos dá força pra seguir em frente encarando as durezas do mundo objetivo.

 

Portanto, do ponto de vista dos avanços políticos e econômicos não há muito a comemorar, mas vamos a alguns aspectos simbólicos que me parecem ter alguma importância.

 

Temos hoje eleita a primeira mulher que governará este país de dimensões continentais. Não conheço Dilma Roussef, mas suas atitudes e seus gestos na vida e na campanha presidencial me levam a acreditar que será essa mulher a presidente do Brasil.

 

Diferente de outros casos em que a mulher é utilizada pelo marido para que ele chegue ao poder, Dilma transparece firmeza, princípios e ideais que lhe permitem assumir a tarefa de representar de forma autônoma as mulheres brasileiras e o povo brasileiro.

 

Mas não é só. Ontem eu pude ver a mulher Dilma Roussef presente em seu discurso da vitória. Claro que ela não falou tudo o que eu queria ouvir (nem podia), mas vi muita convicção, muita determinação, muita coerência e muita sobriedade em seu discurso. Um discurso firme, mas suave como as atitudes das grandes mulheres. Firme nos propósitos, firme nos princípios, mas suave na tolerância à diferença e humilde a ponto de reconhecer que sua vitória não é só uma vitória pessoal.

 

Dilma me parece ser uma dessas mulheres brilhantes que temos nos quatro cantos desse Brasil.

 

Dilma encarou com firmeza e com estrutura emocional ímpar os mais terríveis desafios nessa eleição.

 

Essa mulher nunca havia participado de uma disputa eleitoral e teve que encarar a fúria de uma imprensa golpista que diariamente e a todo custo tentava lhe dar uma rasteira.  Tenho a impressão de que nunca, depois da abertura democrática a imprensa brasileira esteve tão engajada e disposta a abrir mão de todos os princípios básicos de sua atividade para eleger aquele que deveria representar melhor os seus interesses.

Uma imprensa golpista ao ponto de exigir liberdade de expressão e demitir de seus quadros os jornalistas e articuladores que não lessem sua cartilha. Foram dezenas deles.

 

Dilma enfrentou ainda os setores mais retrógrados da sociedade.  Enfrentou a TFP e todo um conjunto de forças conservadoras presentes na Igreja Católica, incluindo o Papa. Enfrentou os interesses perversos de alguns pastores que, de olho em concessões de canais de televisão colocaram à serviço da causa neoliberal decadente de seu adversário um exercito de zumbis prontos a reproduzirem os discursos preconceituosos, mentirosos e despolitizadores produzidos pela campanha oficial do candidato Serra.

 

Enfrentou enfim uma das campanhas políticas mais sujas da história, onde precisou lutar contra a calúnia, contra a difamação, contra a mentira e muitas vezes contra ex-colegas que agora se colocam em trincheiras opostas.

 

Teve, em muitos casos que ceder em questões importantes a exemplo da discussão acerca do aborto e da união homossexual a fim de conservar o eixo do projeto que trazia consigo.

 

Dilma se mostrou uma grande guerreira, uma mulher que para iniciar sua campanha precisou vencer um câncer. Isso não é pouca coisa!

 

Enfim, quero aqui manifestar minha alegria pessoal por todo o conteúdo simbólico que a vitória de Dilma representa para as minorias desse país.

Que Dilma tenha a sabedoria e inteligência necessárias para continuar representando a grandeza da mulher brasileira e que possa também nos representar enquanto país diante do mundo e que faço isso de braços dados com os demais irmãos latinos.

 

Um brinde à Dilma! Um brinde a mais um passo que foi dado pelo Brasil dentro da democracia burguesa!

 

Em tempo: Quanto ao resto (resto?): construir uma sociedade para além do capital não é papel do Estado, é um papel exclusivo da classe trabalhadora.

publicado por O Alienista às 18:54